segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A arte de garimpar


Ele comprou algumas madeiras aqui, encontrou cerâmicas coloridas ali e diversos itens especiais por todos os lados. Por onde passava não perdia tempo e ficava de olhos bem atentos para encontrar os materiais de demolição que melhor se encaixavam no seu projeto dos sonhos. Assim foi a rotina do arquiteto Hélio Pellegrino, do Rio de Janeiro, RJ, durante a construção da própria casa, que possui 1.200 m². "É preciso ter paciência e dedicação para não perder os detalhes, pois há diversos itens encantadores", diz. 

A edificação fica em meio à natureza - um verdadeiro presente para os olhos. Para aproveitar essa característica, o profissional planejou amplos panos de vidro em todos os ambientes. "A floresta do entorno é uma pintura. Meu objetivo era desenvolver uma casa transparente, fazê-la ficar invisível e enaltecer a paisagem ao redor", comenta. 

Durante o dia, os espaços ficam completamente iluminados (não é preciso acender as luzes!). Quando anoitece, basta fechar as cortinas para garantir privacidade. "É um privilégio morar por aqui e ter contato com o verde, o que é tão difícil na atualidade", ressalta. Durante a construção, ele manteve as árvores e respeitou as características do lote. "Nós somos o Planeta. Precisamos conservar cada folha para garantir um futuro melhor para todos".


OS ELEITOS

A maioria dos componentes da casa é material de demolição. A começar pela estrutura, formada por tubos de resfriamento que vieram de uma indústria. "Eles são resistentes e não pesaram no bolso", comenta.

Portas e janelas de todos os cômodos são de antigas construções do Rio de Janeiro. "Além de apresentarem durabilidade garantida, o custo é acessível. Economizei muito com essa escolha", afirma Pellegrino. O madeiramento do telhado é de peroba do campo, que foi reaproveitada de outros projetos. "O mesmo material foi usado no forro e veio de casas do Sul do Brasil", diz. 

Há sustentabilidade até no piso, pois os materiais eleitos são cimento queimado e cacos de cerâmica garimpados em lojas especializadas em demolição. No estar as escolhidas foram pedras antes usadas em indústrias cariocas. "Vale apostar nessa ideia, pois uma obra nova desperdiça 40% de material. O sistema de consumo incentiva esse cenário", comenta. O cuidado com o meio ambiente chegou até a área de lazer. A piscina foi revestida com pedras naturais recicladas e é ideal para aproveitar os dias de calor da capital carioca. 


Um comentário: